sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

o amor não tem bola de cristal

e você pensava que toda vez que teu mastro penetrava aquele úmido vazio meu, era de prazer que eu gemia-gritava?
e você pensava que era pelo teu beijo molhado demais e sôfrego que eu cerrava, revirando, os olhos ?
eu queria era que tudo acabasse logo, babe...
naquelas horas eu só pensava: não vai ter fim essa luta insana?
e você pensava que tudo que me faltava era a sua pegada firme (sim, eu parecia gostar tanto...)
e você estocava em mim a madeira rija
entre pressa e urgência
violenta veemência
do teu pau
entrando-saindo-entrando em mim
louco e desgovernado
imperioso
preciso movimento
e você pensava que tamanho e força eram tudo naquele momento
eu só queria você dentro-fora levemente
feito o bater de asas de um beija-flor
não, babe...eu não queria tanta pressão
contra o colo do meu pobre útero
era como reviver as cólicas
e todo o tesão
e todo o prazer
iam pro espaço sideral
pra algum outro buraco negro
desconhecido de nós
você só me tocava quando eu, professora graduada, conduzia tuas mãos
pelos secretos recantos sensíveis
do meu corpo
cheio de possibilidades...
o amor não tem bola de cristal
mas você podia se esforçar
podia reter o olhar
naquela breve onda de prazer
que brotava do toque
da respiração
da fala de duplo sentido...
eu tinha que fazer tudo sozinha, babe
enviar do cérebro ao corpo
comandos de prazer
para contrastar
com a inércia
dos teus mecânicos movimentos
aprendidos em algum cubículo abafado
com revista de mulher nua nas mãos...
babe...você ainda é um aprendiz!