quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Voando para a imensidão do mundo

Acompanho com o olhar o voo daquele passarinho azul. Tudo naquele voar é promessa de libertação, babe. Tudo naquele voar me leva pra mais perto do cosmo e sua perfeita imensidão. Agora sei que posso ser mais, muito mais. Agora trago no peito um coração onde cabe o amor pela humanidade. Um amor resignado e paciente. Um amor persistente por tudo que se move no espaço. Todas as estrelas brilham no meu peito agora, babe. Compreenda: não estou me despedindo. Apenas estou com minha bagagem quase pronta pro momento da partida. Em mim arde uma chama de conversão. O meu peito traz a chama de conversão. Me converti ao Amor eterno e universal. Não me importo se isso me doer. E dói mesmo estar assim. Dói um tantinho. Mas agora sei que sou gigante e também atômica. Caibo em qualquer cantinho onde você me queira guardar. Mas me deixe partir quando chegar a hora do meu voo. Não me prenda na gaiola do apego, babe. Não me chore nem lamente o dia da minha partida. Porque na verdade eu não vou sair de você, se você não quiser. Meu voo vai se juntar ao voo de outros pássaros migratórios. Vou voar para a infinita morada. Todos vamos. Lá não cabe o desespero, nem o choro. E a vela é obsoleta lembrança dos tempos de escuridão para quem habita na Luz.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Auréola baby

olhinhos de mar
meu bem derrotou assim
minhas defesas todas

do cantinho dos olhos
lá do cantinho dos olhos
onde uma pálpebra encontra a outra
onde acaba o caminho do olhar
baby me fuzilou
e desse olhar de amor
padeci
e com a fisgada na porta do coração
me gemi.

Blue rota

um caminho todo azul naqueles olhos
muita promessa
muito paralelepípedo nas estradas
que atire a primeira pedra
quem nunca amou.

Banana triste

A tristeza da banana madura
pintas negras sobre a casca amarela
esquecida
abandonada
a banana única
repousa triste
na fruteira
sobre a mesa de madeira
da casa antiga...

estes versos pobres
sem rima
sem ritmo
são agora tudo o que extraio de mim
estes versos sem sal e sem açúcar
da banana madura
esquecida na fruteira da casa antiga
e trelele e tralala
são a batida
lenta e triste
de um coração maltratado
cansado de doer.

Te quiero

subitamente te amei
súbita e urgentemente
me entreguei
agora,
de calcinha na mão
e sem vergonha na cara
te dou meu corpo
para desfrutar
mas deixe o caroço,
mas deixe o bagaço
me deixe fruta comida
muito bem comida
e feliz.

Tristeza

o silêncio nos uniu
a mal dada palavra nos separou
e o tempo trará primaveras
céu de anil cheio de nuvens-carneiros
vaquinhas malhadas, brancas e marrons
atravessam a pista correndo
o vaqueiro e seu gibão balançam
sobre o lombo de um cavalo velho.

sábado, 24 de outubro de 2009

Poeira das estrelas

sou a pequenina poeira estelar
a gotinha de lágrima de amor
que cai dos olhos teus
a semente de mostarda do tamanho da fé dos fracos...
o dente de leão ao sabor da brisa
o cheiro do éter dos hospitais...

tenho a grandeza que você quiser, meu bem

posso ser também
as colinas cobertas de neblina
a muralha da China
o precipício do Grand Canyon
incrível Hulk
paquidérmica
tiranossáurica

sou o beijo roubado na sessão matinê

e muito mais...
e muito menos do que eu queria ser.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A culpa é sempre do amor

Olho as vacas nuvenzinhas brancas
pastando em meio a tanta neblina
da manhãzinha serena
desse lugar tão distante, babe, tão distante...
Vaquinhas de olhar triste e meigo pastam todo aquele verde da montanha
e um sol tímido porém indócil faz o broto de flor se abrir para o verão
isso vai me aquietando...por fora fico de bico calado e olhar perdido...
mas por dentro essa revolução de sonhos
e tantos amores guardados
faz meu pobre coração (clichê dos sentimentais)
ficar apertadinho
e bater quase parando
de saudade acumulada.

Canto de amor sazonal

Teu rosto guardei, na memória fotográfica do coração
teu rostinho de neném, que tanto me agrada, guardei...
e fica assim: toda vez que quero me sentir leve e feliz, lembro de você
babe, tanta coisa eu tinha pra dizer
mas não dá pra não ser sentimental
quando meus olhos te alcançam
e muito menos quando me sorri o teu rostinho
fico então condenada a amores platônicos sazonais...
sou assim: tarada na beleza das coisas mais simples
se não fosse, não seria poetinha
e não cantaria o amor
dessa forma doce e atrapalhada
que canto agora.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Peixe

a história antiga
o primeiro voo
alucinação e fantasia
corpo do peixe pescado
se debatendo na rede
esturricando na fogueira
banquete de pescadores
espinha maldita
entalada na garganta
rasgando a garganta
lembrando que peixe
depois de morto
se vinga.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Cafeína

o mais das palavras
você e eu no café de tardinha...tudo tão leve e tão bom de viver
nossos olhares voltados - ora pras nossas retinas, ora para o mar sereno de Ondina
a vida é generosa
de vez em quando, babe...
não me canso de lembrar, de trazer à mente
teus olhos verdinhos e o mar azulzinho
tudo tão clean, babe
tudo tão graciosamente clean e sweet...
e daqui a uma estação estarei de volta
e terei todo prazer do mundo
em te acompanhar novamente
ao café mimoso
pela tarde e por dentro da noitinha mansa
da Baía de Todos os Santos.