segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

À moda antiga

Como confessar que me encantei por sua alma e corpo numa realidade virtual? Dirão que perdi a lucidez! Dirão tudo e um pouco mais, menos a verdade: que foi amor virtual à primeira vista...Vou te abrir meu coração, vou dizer que imaginei nós de mãos dadas às quatro da tarde, à beira do mar, sonhando um futuro em comum. Pensei em tantas horinhas felizes que poderia passar com você ao meu lado. Parque de diversões, zoológico, motel barato do centro da cidade. Loucas horas de amor. Do nosso amor, correndo contra o tempo. Nosso mágico atrito, a luz fraca, o box estreito para o nosso banho. Tudo tão cor de rosa...Todo um mundo baby para desvendar. Na manhãzinha seguinte nosso olhar cúmplice e abobalhado.
Mas vou parar de sonhar com coisas que só vejo em filmes. E vou parar de ler romances.
Lá fora faz um calor hostil. Lá fora o mundo todo é hostil e ninguém me compreende.
Sou tão romantiquinha e isso é antiquado. Amar é antiquado como anáguas e espartilho.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um dia desses

Ela andava olhando pra baixo, a todo vapor, pelas ruas estreitas do centro da cidade. Do centro imundo da cidade barroca. Eu segui aquele vulto, até onde a vista alcança. Tropeçando nos sacos azuis e negros, repletos de sobras de alimento, absorventes encharcados de regras anônimas, papeis higiênicos e suas denúncias. Andei pelo centrão da cidade só pra ver até onde ia aquele vulto compenetrado de mulher pequena com rabo de cavalo como penteado para aquelas tardes de calor. E distraída, ao atravessar uma ruela, dei de cara com um ônibus fazendo a curva apertada. Quase virei patê de poeta. Quase não estava mais aqui pra contar a história do dia em que segui uma pequena pelas ruas do centro sujo da cidade barroca. Ela e seu vulto pressentiram a quase tragédia. Seu olhar cabisbaixo se voltou e sorriu - um riso de mulher pequena. Um riso zombeteiro. Assim assim. Riso de quem já viu e verá muitas tragédias cotidianas. A multidão de crentes nem acreditou no milagre da salvação. Até o motorista sonolento pediu perdão! Não fiz caso e continuei a perseguir aquele vulto de camiseta azul e calça jeans e rabo de cavalo pelas ruas do centro cheio de histórias da cidade. A mulherzinha foi entrar num prédio antigo. A mulher pequena que eu segui pelas ruas fétidas do centro tinha hora marcada, como eu, com os guias do plano espiritual. Para reza, passe, desobsessão. Para começar a semana seguinte sem encostos do além.

Te amo, meu sonho

Hoje acordei sacana,
querendo só sua nudez


Hoje acordei romantiquinha,
querendo beijo seu


Hoje acordei
e me dei conta:
você é uma das melhores coisas
que minha imaginação já criou.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Lingerie

Seja minha putinha
só esta noite
e nada mais, meu bem

me espere deitadinha
vestindo sutiã e cinta-liga
e calcinha diminuta
vermelhinha
me espere deitadinha

seja minha putinha
só esta noite
e nada mais, meu bem

abra um sorrisinho safado
quando eu chegar
com tesão e uma certa timidez
com uma fome tão antiga
com uma vontade tão antiga
de te comer, meu bem

seja minha putinha
só esta noite
e nada mais

me cante ao pé do ouvido
as ladainhas do amor, meu bem

e nada mais.