segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Da tecitura do azul e outras verdades caladas

Toda manhã acorda do azul
que a Terra vai parindo
que a Mãe Terra
docemente
vai parindo
e que você nem nota, babe...

Aquela estrela que brilhava
tão intensa
você não levantou a cabeça
pra mirar
você, na sua ingratidão matemática
nem parou
pra apreciar
os pequenos mimos
que a vida dá

pelas mãos de Deus
todos os dias e todas as noites
são tecidas
em silêncio
em resignado silêncio
de amor.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

agosto

desgosto
n'alma um gosto
de sangue e sal.

Sonhando à beira mar

pensando em catar nas areias da praia
entre tampas de garrafa
entre canudos e camisinhas usadas
as pernas entre algas e algo mais
(que parecia saco plástico)
catar estrelas do mar
e conchas
pra fazer um agrado
pro meu bem.

amor à primeira mordida

o amor como fruta bichada
fruta desprezada
esquecida sobre a mesa
logo após a primeira mordida
o amor era assim:
dava em qualquer quintal
toda estação
o amor nem rendia dinheiro
e os meninos subiam nas árvores
dos quintais vizinhos
pra roubar aquele fruto
que comiam com mais gosto
justamente por ser roubado
e mesmo bichado
mesmo esquecido
era assim tão saboroso
porque os meninos eram inocentes.