sábado, 28 de fevereiro de 2009

Para Jóia lá debaixo do tanque

O cágado num canto da área de serviço come inconsciente um pedaço de pão molhado
inconsciente até da própria fome...
cágado é pedra que anda e põe para fora da casca cabeça e patas
a pele áspera dispensa o toque, a carícia
cágado que não sabe o que é afeto, nem que gosto tem
e confunde perigosamente a ponta vermelha do meu dedo com um saboroso e cru aperitivo
eu, que em desvelo deito-lhe sobre o corpo água corrente para hidratar o perene ressecado de sua existência...
bicho que se arrasta i n f i n i t a m e n t e
não tem nem nudez
não tem atração
não cria jogo de interesses nem exige nada para si
poderia muito bem servir de peso-de-papel no escritório
um cágado é profundamente material
eu que peguei para criar um bicho que foi criado para se criar sozinho.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo novo blog, lindo!
    AS vezes confesso que desejaria ser essa joia embaixo do tanque....rsrs beijo

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