sábado, 7 de novembro de 2009

Noite e dia

Eu dormia lenta e pesadamente enquanto a luz do luar clareava as desertas ruas e todos os atos secretos esperavam que o sol se deitasse para desembestar intenções de sexo e violência nos lares alheios. A flor que ao meio-dia tão lânguida e tímida, se abria sem pudores e em selvagem transe sensual ao som de remota serenata...Ali, onde acabava a noite e começava a madrugada, gotas de sereno iam molhar a pétala-face das flores e as pontas dos pés descobertos de algum mendigo errante jaziam gélidas e petrificadas de abandono...Eu dormia lenta e pesadamente. Pálpebras amortecendo o fim do sono iam se abrindo aos poucos. E o despertar ia se fazendo urgente. E a constatação de um novo dia era a minha única certeza nesta vida.

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