sexta-feira, 10 de abril de 2009

Temporada em Piritiba

Uma vida besta. O canto galináceo rompe as manhãs e de dentro das cloacas brota o milagre de mais uma refeição matutina, quando não gora. Você há de ver o poeirão levantado pelo correr das locomotivas do sertão - são carros, ônibus e caminhões que vão e vem e nunca sossegam. Você há de ouvir o murmúrio das primeiras notícias da manhã na boca das donas de casa que varrem as calçadas e há de me dar razão: elas sempre sabem do nosso destino cotidiano antes de nós. Tampas de panelas abafam o aroma dos quitutes de daqui a pouco. Daqui pras nove horas vai esquentar como já fosse meio-dia. Fast-food não há. Delivery não há. Todos os comércios fecham para o almoço. Há saudade do mar constante no meu coração como teias de aranha nas lombadas de livros esquecidos nas estantes.

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